segunda-feira, 27 de julho de 2015

Pra ensinar direitinho



Vi um vídeo da marca Always recentemente e ele fala sobre como é ser menina e sobre a pressão que vivemos por isso. É um assunto tão delicado e tão complexo ao mesmo tempo. É um pouco difícil falar sobre isso porque me fazem lembrar de  coisas que ninguém sabe, coisas que eu queria esquecer. Mas que precisa ser discutido diariamente. É certo dizermos como alguém tem que agir ou ser? 

Lembro de ser menor, talvez tivesse uns 9, 10 anos e lembro de treinar constantemente. Pra ser mais forte, mais esperta, me desafiava como pessoa, como mulher (pessoa do sexo feminino pra ser mais exata) por conta dessas coisas que aconteceram.

Não sei como mas me perdi no meio disso tudo, parei de querer fazer coisas diferentes, desafiadoras porque, segundo os outros eu era menina e não podia. Não podia correr, não podia brincar com brinquedos que eram fabricados apenas meninos, eu não podia fazer várias coisas. 
Não que meus pais tenham me impedido de fazer algo, de forma alguma, tenho sorte em tê-los comigo. Tudo que eles fizeram até hoje foi me proteger, tentaram me criar da melhor maneira possível pra ser alguém melhor, alguém com algum tipo de conteúdo que podia ser compartilhado com outras pessoas, em momento algum eles me limitaram. A gostar de esportes e a gostar de jogar videogame, a ler e a estudar, ser quem eu quisesse.

São pequenas as coisas que fazem a gente mudar de ideia. Pequenos discursos que, de certa forma impõem que, por ser menina, você não pode e nem deve tentar fazer algo diferente, porque você é criada para viver nessa sociedade, sendo assim tem que seguir o padrão de menina comportada, boa, alegre e feliz, pronta para casar com o primeiro namorado que você tiver. Até me vi reproduzindo esses discursos várias vezes. 
Juro que acreditei nisso, juro que mudei toda a minha forma de ver a vida para agradar os outros, em função de ser igual. E pra quê? Porque eu queria isso de uma forma desesperadora assim? Pra provar o que pra quem? Isso nem eu sei responder. Parei de fazer tudo que eu queria, tudo que eu gostava, parei de tentar várias coisas por conta dos outros.

Isso não faz bem pra ninguém. Tomei tantas decisões que poderiam ter sido evitadas com pequenos gestos de não desistência das minhas vontades. Tantas coisas aconteceram que infringiram tantas outras partes do meu ser que eu não conseguiria enumerar. Eu simplesmente cansei disso, cansei de fingir algumas coisas, cansei de não fazer outras. Eu ainda tenho um certo controle sobre isso, tento muito não ser "demais", não fazer "demais".
Enfim algumas coisas estão em transição, eu estou em uma fase de me redescobrir e sei que vai ser bom pra mim. Não vou mais me limitar tanto e acredito que devo soltar essa voz aqui de dentro (a começar escrevendo sobre isso). Porque eu não quero que minha filha cresça em um mundo em que ela não pode nada. Quero que a infância dela seja tão mágica quanto a minha, quiçá melhor. 
E então, não estamos limitando demais as nossas meninas? 


De graça, o link para o vídeo: Clica aqui

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